Ato em Defesa das Águas chama atenção para o tratamento do esgoto em Sergipe
No último domingo, 22 de março, Dia Mundial da Água, o Instituto Canto Vivo, a ONG ELAN e o Movimento Meu Papagaio realizaram o I Ato em Defesa das Águas. A ação ocorrida no Parque da Sementeira (Governador Augusto Franco), em Aracaju, mobilizou um grupo de ambientalistas em abraço simbólico aos lagos do parque. A intenção dos organizadores foi chamar a atenção da sociedade e do governo estadual, através da Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO, para o problema do não tratamento dos esgotos doméstico lançados em lagoas, lagos, rios e mares de todo o estado.
Após o gesto simbólico do abraço à lagoa, os manifestantes circularam pelo parque com cartazes e entoando palavras de ordem em defesa dos recursos hídricos, cobrando a ação dos gestores públicos para reverter o atual quadro de degradação. O Ato em Defesa das Águas integra uma ação movida pelas três ONGs no Ministério Público Estadual, reivindicando o tratamento de todo o esgoto doméstico produzido em Sergipe.
Atualmente a DESO cobra um percentual de 80% a 100% sobre o consumo de água referente à taxa de esgoto, recurso que não é revertido no tratamento dos efluentes líquidos. Segundo informações da própria DESO, somente em Aracaju, 70% do esgoto doméstico é lançado na natureza sem tratamento.
Participando da manifestação, a funcionária pública Vaneide Dias, se vê preocupada com a degradação que afeta os recursos hídricos do estado. “Hoje a empresa DESO não realiza nem cinquenta por cento do tratamento de esgoto. Esse ato visa denunciar isso à população e chamar a atenção do poder público para um problema que afeta a nossa vida, porque interfere nos nossos rios, lagoas e toda a questão ambiental da cidade de Aracaju”, aponta.
Em busca de conhecer um pouco mais sobre o trabalho do Instituto Canto Vivo, a estudante Elysandra de Jesus Santos levantou seu cartaz em defesa das águas. “A natureza é um coisa que eu gosto, é um presente de Deus para nós, infelizmente os seres humanos ainda prejudicam bastante uma coisa que é nossa. Vejo a poluição das águas como uma covardia, já que precisamos da água para sobreviver e, fazendo isso, estamos prejudicando a todos”, afirma.
Para a diretora do Canto Vivo, Cristiane Nogueira, a busca de soluções para os problemas ambientais depende da participação da sociedade. “A gente sabe que o problema da água e do esgoto é uma questão muito importante, mas as pessoas teimam em se calar e serem coniventes com a situação. Pagamos pelo serviço de tratamento de esgoto e é necessário que a gente cobre. Como o governo não está fazendo a parte dele, então a sociedade tem que estar atenta”, enfatiza.
Segundo Diego Bragança do Movimento Meu Papagaio, a preservação dos recursos hídricos também deve se valer de comportamentos individuais assentes no uso consciente da água. Ele identifica que a ação individual deve estar associada a uma postura crítica sobre o papel do poder público.
“A questão ambiental é uma responsabilidade que também é nossa, cabe a nós, enquanto cidadãos, fiscalizar as ações dos nossos governantes. Atualmente, em Aracaju, grandes empresas e construtoras realizam o despejo do esgoto em rios, lagos, lagoas e no mar de forma irregular, contando com a conivência dos poderes públicos”. Diego ainda relembra o recente descaso da Prefeitura de Aracaju que realizou o aterramento de uma área de mangue, localizada na Avenida Beira Mar, Bairro 13 de Julho, sem considerar o impacto ambiental provocado pela obra.